quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Quando a rua é o palco

Basta andar pelos pontos de maior movimento de Brasília para se deparar com algum equilibrista de pinos, malabarista, contador de história ou com alguma estátua humana que desperta curiosidade em quem passa e, mesmo que a pressa do dia a dia guie os transeuntes por um caminho rotineiro e distraído, alguns param e observam o olhar vivo da figura estática, pintada de prata que se destaca em meio ao passeio público.

Estão na rua pela arte ou pela sobrevivência. Talvez esses dois elementos não se dissociem, pois os que não conseguiram emprego com carteira assinada, sobrevivem da arte. Outros encontraram nas ruas um palco democrático, onde podem expressar a paixão pela arte com liberdade.

Um tocador de flauta, que lembra a antiga prática indiana de encantar serpentes, paralisa crianças e velhos em um movimento de reverência, quase mítico, ao som que ecoa pelos tubos do instrumento artesanal. Ao lado do músico, uma pequena barraca expõe CD’s com músicas produzidas pela flauta. Estão à venda. O artista, Jean Carlos, vive dessa arte e diz não sentir falta das burocracias de um emprego formal. “É como estar em uma aventura toda a vida. É uma diversão para mim e divirto as pessoas também.”

Em “O Artista da Fome”, Franz Kafka conta a história de um jejuador que virou atração de uma cidade. Fez da fome sua arte e optou pelo jejum por não encontrar comida que o agradasse. E por não encontrar um modo de ganhar a vida que seja satisfatório, muitos artistas escolhem a rua como palco e o público é formado por quem se interesse. Alguns esperam que tal interesse resulte em trocados generosos ao fim do dia.

Os mais atentos percebem que por trás do malabarista do sinal, do sanfoneiro da rodoviária, da estátua de barro humana, do contador de histórias e do flautista está o artista que faz da arte a esperança que a vida continue, mesmo sem ter certezas ou rotinas. A esperança que se equilibra na arte. A esperança equilibrista que sabe que o show de todo artista tem que continuar... como alguém cantou certa vez.

segunda-feira, 23 de junho de 2008

--- De férias por tempo indeterminado -----

segunda-feira, 24 de março de 2008

Descompasso

Ecoa
voa
amortece
faz da pele um atabaque
se som não produz
faz-se o eco do silêncio
toca, toque, tic-tac
o tempo é o instante da batida
respira
suspira...
adormece

segunda-feira, 17 de março de 2008

Cacos

Andava descansada pelos corredores do casarão a procura do nada que habitava aquele lugar. Experimentava a umidade fria do assoalho gasto nos pés descalços e me esquivava dos vultos e das vozes ocultas daquele silêncio amedrontador, quando senti a dor fina de algo a cortar-me os pés. Eram cacos. Havia muitos deles espalhados pelo chão. Abaixei-me para ver se o corte era profundo e percebi que os cacos refletiam minha expressão de dor. Quis saber de onde vinham aqueles pequenos restos de algo despedaçado que refletiam o pouco de luz que ainda entrava pelas frestas das janelas.
Seguia cuidadosamente a trilha de estrelas afiadas que se formou no assoalho e, agora, o nada não precisava mais ser encontrado. Havia algo mais urgente. O que se despedaçara ainda existia naqueles fragmentos e talvez aqueles vultos sombrios tivessem esbarrado no que outrora foi e não era mais. Ou as vozes secas e agudas do silêncio poderiam ter tornado frágil o que parecia ter sido um espelho altivo.
Os cacos me levaram a uma sala ampla e vazia, só havia nela um espelho ou o que lhe restara. Aproximei-me e senti minha respiração ser alterada pelo susto de ver que ali estava paralisado o último movimento que fiz ao entrar no casarão. Não entendi como um espelho capturara o tempo como uma fotografia. Mas aquele espelho estava nitidamente alterado. Fugia de sua própria existência.
Como se voltasse de um transe, olho o espelho inerte e tento movimentá-lo. Mas meus movimentos não o animam e percebo que o espelho está morto... Morreu de tédio. Não há mais para onde voltar, não há em que se ver refletido... O espelho morreu. Foi-se. Em sua lápide reluzente estará escrito: “aqui jaz um espelho que pouco se teve e pouco se viu. Não conheceu mais que o reflexo de outros, não conheceu a si mesmo. Não pôde olhar para si... Talvez por isso tenha sucumbido”. A quem terá pertencido este espelho, agora, opaco, frio e estático... Despedaçado? Ele quis capturar meus movimentos, numa tentativa sôfrega de se manter vivo. Mas seu último suspiro foi um feixe de luz fria e cortante... Cegou-me.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Trunfo ou armadilha?

O candidato do Partido dos Trabalhadores para disputar as eleições de 2010 ao cargo de presidente da República ainda não foi definido. O partido tem um desafio a enfrentar: que o substituto de Luiz Inácio Lula da Silva conquiste simpatia e confiança do eleitorado. O atual presidente recebeu aprovação de cerca de 60% da população, de acordo com a última pesquisa realizada pelo CNT/Sensus. O índice supera o resultado de 2003, quando o governo recebeu 53% da aprovação da população.

Esse resultado pode ser um trunfo para o partido no presente momento, mas também pode representar uma armadilha a longo prazo, uma vez que Lula não poderá mais disputar as Eleições para o atual cargo que ocupa e deverá ser substituído. Mesmo as denúncias de mau uso de cartões corporativos envolvendo ministros e funcionários públicos não afetaram a popularidade do presidente Lula. Cabe ao PT e aliados definirem um candidato que mantenha a aceitação frente à população. Analisando os possíveis candidatos ao cargo não é difícil constatar que de fato trata-se de um desafio.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

inauguração

Fase de teste! Vamos ver no que dá.... ou não...como diria Caetano...